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03/03/2015 | Multinacional indenizará empregado detido cinco dias em alfândega argentina

Para a Turma, ficou evidente que a empresa, fabricante de máquinas agrícolas e ligada ao Grupo Fiat, não ofereceu condições adequadas de trabalho nem tomou providências para a liberação do empregado, detido quando regressava à sede em Curitiba (PR) conduzindo veículo da empresa com documentação irregular.
O técnico trabalhava na sede da CNH em Curitiba, mas atendia clientes no Brasil e alguns países da América Latina. Em 2000, foi incumbido de levar à Argentina uma oficina móvel da CNH, montada num Fiat Ducato, e deixou o veículo lá para facilitar os atendimentos. Em agosto de 2002, recebeu ordens de trazê-la de volta à sede de Curitiba, mas, quando passava pela alfândega em Paso de Los Libres, foi detido pelas autoridades locais porque a documentação do veículo estaria irregular.

Conforme seu relato, o mecânico permaneceu sob custódia da alfândega por cinco dias, vigiado por policiais e impedido de ausentar-se do hotel, até a resolução do problema. Segundo ele, a empresa sequer telefonou para o local ou designou advogado para ajudá-lo, e ele só foi liberado após pagar multa e negociar por conta própria com as autoridades locais. O episódio, afirmou, "causou-lhe medo e aflição, sentindo-se largado à própria sorte fora de seu país", o que o levou a pedir indenização por dano moral após a demissão, em 2006.

A empresa, em sua defesa, alegou ter prestado assistência e providenciado hotel, alimentação e documentos para liberação do veículo, mas não apresentou provas nesse sentido. O juízo de primeiro grau considerou que, diferentemente do alegado pela CNH, não foi apenas o veículo que foi apreendido, mas também o trabalhador foi autuado e detido, conforme ata lavrada pela alfândega argentina. Além disso, a autorização para a entrada do veículo naquele país era apenas para fins de turismo, e não de trabalho.

A sentença deferiu a indenização, fixando-a em R$ 2 mil. O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) manteve a condenação e aumentou o valor da indenização para R$ 40 mil.

Também no TST, o ministro relator, Renato de Lacerda Paiva, não conheceu do recurso de revista da empresa, por entender que não houve violação de norma constitucional e que a empresa não apresentou teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, como exigem as alíneas "a" e "c" do artigo 896 da CLT.

(Lourdes Côrtes/CF)

Processo: RR-929500-44.2007.5.09.0009
Fonte: TST.

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